Caso clínico 3
Na Suécia, na zona de Estocolmo foram relatadas as mortes de uma raposa vermelha (Vulpes vulpes) e um texugo europeu (Meles meles) num campo de golfe.
Na necrópsia ambos os animais mostravam excesso de peso e colapso circulatório agudo. Suspeitou-se de intoxicação por teobromina, pois haviam restos de chocolate disponíveis numa fazenda próxima do local.
Para confirmação, o conteúdo gástrico e amostras do fígado de ambos os animais foram analisados por cromatografia líquida de alta pressão de fase reversa e evidenciou a presença de teobromina e de cafeína.
Foram recolhidas amostras de tecido e fixadas em formalina tamponada a 10% por 24 horas, realizando-se um exame histológico.
Insuficiência circulatória com congestão
Edema agudo não reativo no fígado, rim, pulmão, linfonodos, coração e meninges
Infiltração de células mononucleares da córnea e edema
Hemorragias multifocais foram observadas no córtex cerebral e cerebelo do texugo
Fibrose alveolar leve, alveolite granulomatosa crónica e restos degenerados de nemátodes pulmonares foram detetados no texugo.
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Constou-se:
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A ausência de sinais que remetam para vómito ou diarreia, assim como a obesidade que aparentavam ter, são indicadores fortes para uma intoxicação crónica.
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No entanto, é apenas uma especulação devido à falta de dados relativos à toxicidade nestas duas espécies.
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Não foi possível determinar qual a quantidade de chocolate que estes animais ingeriram e a capacidade da raposa vermelha e do texugo metabolizar a teobromina é desconhecida.
No entanto, como a raposa vermelha e o cão são ambos membros da Ordem Carnivora, família Canidae, podemos associar que a raposa seja tão sensível à teobromina como o cão. Porém, como o texugo pertence à Ordem Carnivora, família Mustelidae, pode não ser tão sensível à teobromina como o cão. Além disso, de acordo com a análise, a concentração de teobromina no fígado no momento da morte no texugo era maior do que na raposa.
Assim, concluímos que os animais selvagens também são afetados pela toxicidade da teobromina, devendo o nosso conhecimento ser mais abrangente a fim de sermos capazes de proteger a vida selvagem.